"Olho no Olho - uma revista radiofônica para se ver com os ouvidos".

 

Este é o slogan do programa que estreou dia 13 de dezembro, às 17 horas, na UEL FM. A iniciativa é do jornalista Luciano Bitencourt, que teve problema de visão decorrente da diabetes. Ele é aluno do Instituto Roberto Miranda e chamou o funcionário do Instituto, Júnio Cesar Santiago Alonso, para contribuir com o programa. Eles são colaboradores voluntários da UEL FM. O novo programa semanal, com uma hora de duração, mistura música, entrevistas, reportagens, comentários, quadros fixos, serviços e dicas sobre saúde visual, acessibilidade e inclusão social.

Luciano e Júnio afirmam que o objetivo é serem ouvidos pela comunidade em geral, e não apenas por pessoas deste universo e suas famílias. 

A ideia do programa surgiu das discussões coletivas de alunos do Instituto Roberto Miranda, que desenvolve em Londrina um trabalho voltado à readaptação e inclusão de pessoas com deficiências visuais. Olho no Olho recebe o suporte jornalístico da professora Mônica Kaseker, do Departamento de Comunicação da UEL (CECA), e de Patrícia Zanin, jornalista da UEL FM.

O programa vai ao ar toda quarta, às 17 horas. Com reprise aos sábados às 15 horas.

Não perca!

Júnio César Santiago Alonso (foto à direita) e Luciano Bitencourt (foto abaixo): programa mistura entrevistas, reportagens, quadros fixos e dicas sobre saúde visual, acessibilidade e inclusão social.

Bitencourt tem problemas de visão decorrentes da diabetes. Se tornou aluno do Instituto ao participar de um curso de informática. Lá, ele conheceu Alonso e um terceiro integrante do time desse projeto radiofônico, o instrutor de informática Alef Campos Garcia. A gestação do projeto foi de Bitencourt. Ele, que já atuou na área do jornalismo e também como secretário de cultura, percebeu a importância de ampliar as informações sobre o universo da deficiência visual e divulgar isso para a sociedade. Participam da produção a professora Fátima de Assis e a voluntária na biblioteca especializada Tais Parpineli. Além de integrantes da equipe técnica da Rádio UEL, como fazem questão de ressaltar. "São eles que fazem a coisa toda acontecer", conta. A ideia se aprofundou através de discussões coletivas entre os três, a jornalista Patrícia Zanin, a professora Mônica Kaseker, do Departamento de Comunicação da UEL (CECA), e alunos do Instituto, que desenvolve em Londrina um trabalho voltado à readaptação e inclusão de pessoas com deficiências visuais. "É importante dizer que se trata de um projeto de comunicação comunitária, um trabalho voluntário em que nós, cidadãos, seríamos normalmente os destinatários, mas, com a ajuda de profissionais do ramo, se transformou em realidade", ressalta Alonso. 

Eles afirmam que o objetivo é alcançar comunidade em geral e não apenas os que fazem parte deste universo. Trazer para perto pessoas que não conhecem sobre a deficiência, esclarecer dúvidas e trocar experiências. O programa traz quadros como o Almanaque Cegueta, em que é apresentada aos ouvintes a história da deficiência visual de uma maneira mais leve, como explica Bitencourt. "Os episódios são narrados por vozes conhecidas do rádio como a Patrícia Zanin, a Jemima Fernandes e o Jota Mateus. É em forma de crônica, então é um conteúdo muito gostoso de ouvir". Um dos quadros mais citados por eles é o "Um Palmo Diante do Nariz", que traz como frase de apoio "não dê vexame quando for auxiliar um deficiente visual". Nele, são apresentadas situações corriqueiras que fazem toda a diferença. "Sempre encontro pessoas que dizem 'nunca mais vou ajudar um deficiente visual, tentei e ele foi super grosso comigo' e a minha pergunta é: como foi que você o abordou? Imagine você, sem enxergar, em um lugar diferente, chega uma pessoa estranha e te pega pelo braço. Existe muita coisa que as pessoas precisam saber para compreender melhor essa deficiência", aponta Bitencourt. 

Mas o verdadeiro destaque do programa, e nisso todos eles concordam, é o The Voice Machina – a voz computadorizada que conduz a entrevista central do programa. "É o integrante mais caro do nosso casting", brincam. Ela é a mesma presente nos programas descritivos usados por eles no computador. A ideia é mostrar que a acessibilidade é possível e necessária. E que pequenas medidas podem fazer toda a diferença para tornar a inclusão uma realidade. "Nós vivíamos antes, em um paradigma segregacionista, cercado de preconceitos e violência. Depois, passamos para o integracionista, em que as coisas começaram a mudar. Mas o sonho de ouro e que, infelizmente, ainda está distante, é o paradigma inclusivo, em que a acessibilidade é uma palavra-chave, e que deixe todos como iguais na sociedade", finaliza Bitencourt.

Alef Campos Garcia (foto à direita): técnico de informática participa do projeto radiofônico que conta com programas descritivos usados por deficientes visuais no computador.

Alef chegou ao Instituto Roberto Miranda com nove anos de idade. Aos dez, conseguiu ir para o ensino regular. Depois disso, só parou após concluir a pós graduação em História, na Universidade Estadual de Londrina. Ele, contam os parceiros, é uma verdadeira enciclopédia do rádio. "Eu acompanhei rádio na era das ondas curtas, Rádio Nacional de Brasília, Rádio França, entre outras. Oscilavam as ondas na hora da transmissão mas eu permanecia ali, ouvindo". O amor pelo som persiste até hoje e só tende a crescer, ele diz. "Para acompanhar futebol, por exemplo, eu até ligo a TV, mas infelizmente a gente percebe que o narrador faz muita firula e acaba pecando na descrição, que é importante para nós. No rádio tem muito mais jogo." Essa afirmação é o que rege os caminhos do grupo nesta nova empreitada. A cultura do rádio, como fazem questão de apontar, é muito importante e presente na vida dos deficientes visuais. "O rádio é um canal que une as pessoas. Pode ser um deficiente visual ou um dito "normal" ouvindo, ambos vão poder fazer a mesma coisa: apenas ouvir. A única diferença é que o visual vai poder ver a cor do rádio", brinca Garcia. Ele frequentou o instituto desde os quatro meses até os 18 anos, como aluno. Quando completou 24, voltou como professor. "É uma extensão da minha casa. Houve dias em que eu não tinha aula, mas vinha aqui mesmo assim. Eu sempre dizia 'um dia vou voltar como professor', e realmente aconteceu". Hoje é instrutor de informática e estuda pedagogia. 

 

Para finalizar...

 

Para ir para o site oficial do programa clique aqui.

Lá você poderá encontrar e ouvir os podcasts com as reprises de todos os episódios.

 
Ouça pelos links abaixo o primeiro programa que foi ao ar Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2017.

 

Olho no Olho - Parte 1/2

Olho no Olho - Parte 2/2